Autor
Enzo da Cruz
Classificação
16+
Editora
Independente
Páginas
80
Publicação
2025
“Apesar de perceber-se livre do fatal fardo, meu cãozinho buscou entender porque deu farta significância ao luto. O que o perturbava tanto em ter arrancado um pedaço que mais soava como um vômito do inferno?”
Crônicas e conversas de vidas fragmentadas, reunidas pela oportunidade de retornar onde deu tudo errado e encontrar outra forma de seguir em diante. A partir da escrita de Enzo da Cruz e das ilustrações de Victor Samuel, a existência do trabalhador comum e do vira-lata machucado é resgatada da massa de fúria que a cidade nos despeja.
RESENHA
Cães de Caça é uma obra que mergulha nas profundezas da experiência humana, entrelaçando dor, memória e resistência de forma poética e intensa. A partir de crônicas e conversas entre vidas fragmentadas, o livro nos conduz a um retorno simbólico ao “lugar onde tudo deu errado” não para reviver o sofrimento, mas para encontrar novas possibilidades de seguir adiante.
A narrativa parte de um trecho marcante, no qual a imagem de um cãozinho lutando para compreender seu próprio luto revela o tom emocional da obra: visceral, honesto e inquietante. Essa metáfora potente se desdobra em reflexões sobre perdas, afetos e a luta diária de pessoas comuns diante da brutalidade do mundo urbano.
A cidade, com sua massa de fúria e indiferença, é cenário e personagem um espaço que molda, esmaga e, ao mesmo tempo, oferece a chance de recomeço.
A narrativa parte de um trecho marcante, no qual a imagem de um cãozinho lutando para compreender seu próprio luto revela o tom emocional da obra: visceral, honesto e inquietante. Essa metáfora potente se desdobra em reflexões sobre perdas, afetos e a luta diária de pessoas comuns diante da brutalidade do mundo urbano.
Ao resgatar a existência do trabalhador comum e do vira-lata ferido, Cães de Caça ilumina histórias que normalmente ficam à margem. A cidade, com sua massa de fúria e indiferença, é cenário e personagem um espaço que molda, esmaga e, ao mesmo tempo, oferece a chance de recomeço.
Com uma linguagem densa e sensível, o autor constrói personagens que parecem respirar, sangrar e sentir ao nosso lado. Não há heróis, apenas pessoas tentando sobreviver às pequenas e grandes violências do cotidiano. Cada crônica funciona como um espelho fragmentado, revelando nuances da condição humana que muitas vezes preferimos ignorar.
A leitura não é leve, mas profundamente necessária. Ela convida à pausa e à introspecção, abrindo espaço para reconhecer a beleza e a força presentes nas experiências mais duras. Cães de Caça é, acima de tudo, um chamado para olhar com mais atenção para aquilo que a pressa da cidade costuma apagar.



