Autor
Kealan Patrick Burke
Classificação
18+
Editora
Skull
Páginas
86
Publicação
2024
À primeira vista, Phil Pendleton e seu filho Adam são apenas pai e filho comuns, não diferentes de nenhum outro. Eles fazem caminhadas juntos no parque, visitam feiras municipais, museus e zoológicos e comem juntos com vista para o lago. Alguns podem dizer que o pai é um pouco complacente, dada a falta de disciplina quando o filho perde a paciência em público. Alguns podem dizer que ele mima o filho ao permitir que ele coma doces sempre que quiser e defina seu próprio horário de dormir. Alguns poderão dizer que tal clemência está a começar a afetar o pai, dada a forma como a sua saúde piorou. O que ninguém sabe é que Phil é um prisioneiro e que até algumas semanas atrás, num encontro casual em um supermercado, ele nunca tinha visto a criança antes em sua vida.
RESENHA
A trama passa uma premissa perturbadora: um pai que, à primeira vista, parece ceder aos caprichos de uma criança mimada, mas cujo relacionamento revela uma verdade muito mais sombria. A sinopse nos conduz a uma análise cuidadosa de Phil, um homem que parecia viver uma vida comum até o momento em que um encontro no supermercado muda seu destino de forma irrevogável. Adam, a criança, não é realmente seu filho, e, ainda assim, Phil está preso a ele de uma maneira sinistra e inexplicável. A relação, que se mostra pouco natural, sugere que a criança possui uma influência insidiosa sobre Phil, forçando-o a um papel de cuidador involuntário, enquanto testemunha sua própria saúde mental e física deteriorar-se a cada dia.
Com uma narrativa que oscila entre o suspense psicológico e o horror, o autor cria uma atmosfera de crescente tensão e mistério, levando o leitor a questionar o que é real e quais forças sobrenaturais ou psicológicas podem estar em jogo. As atitudes permissivas de Phil, inicialmente vistas como exageradas, revelam-se como sinais de sua impotência e medo. A construção dos personagens destaca a fragilidade de Phil diante da manipulação de Adam, cuja presença enigmática e controle quase sobrenatural desafiam as fronteiras da lógica e da sanidade.
A complexidade psicológica da narrativa não se limita à luta de Phil contra Adam; há também uma tensão interna, uma batalha contra o desespero que o corrói por dentro. A história leva o leitor por uma montanha-russa emocional, explorando o medo do desconhecido e o impacto de perder o controle sobre a própria vida e mente. O autor utiliza esses temas para questionar as fronteiras entre o sobrenatural e a própria natureza humana, mantendo o leitor em suspense enquanto revela, pouco a pouco, o horror de uma paternidade forçada, que desafia qualquer definição de normalidade.
Esse livro é mais do que uma simples narrativa de horror; é uma exploração profunda da fragilidade humana diante de forças que não compreendemos, um mergulho naquilo que nos define e na linha tênue entre liberdade e submissão. É uma história que permanece com o leitor muito tempo após o término, uma reflexão sobre a natureza do medo e da impotência diante do incontrolável