Autor/a
Donatella
Di Pietrantonio
Tradução
Mario Bresighello
Editora
Faro Editorial
Páginas
160
Publicação
2019
Aos 13 anos, uma garota é levada do lar abastado onde vive para uma casa estranha e com pessoas que dizem ser seus pais e irmãos.
Na pequena cidade italiana todos conhecem sua história: ela é a criança que os pais naturais, pobres e de família numerosa, “deram” a um parente que não podia ter filhos e que este a devolveu quando a menina frequentava o ensino médio, não por maldade, mas porque a vida pode ser mais complexa do que imaginamos e nos força a fazer escolhas dolorosas.
Ela era a devolvida. Sentia-se como uma estrangeira na nova casa e, desde então, a palavra “mãe” travara em sua garganta. Privada até de um adeus por aqueles que sempre acreditou serem seus pais, ela se vê incrédula ao enfrentar o sofrimento de ser abandonada novamente de forma repentina.
“Minha vida anterior me distinguiu, me isolou na nova família. Quando voltei, falava outra língua e não sabia mais a quem pertencia”.
Forçada a crescer para reintegrar-se ao seu núcleo original, ela vive uma sensação de subtração, de gente esvaziada de significado, e nos ensina em meio à dor como encontrar sentido quando tudo parece desmoronar.
RESENHA
Na pequena cidade da Itália, em 1975, uma jovem de 13 anos é devolvida para a sua família biológica. Depois de ser criada por todo esse tempo em um ambiente acolhedor e confortável, ela irá descobrir que quem as pessoas que ela pensava ser seus pais são, na verdade, seus tios. Todo esse choque irá trazer muita tristeza e confusão para sua vida.
O novo ambiente onde ela terá que viver é completamente diferente do que ela estava acostumada. Antes ela era filha única, agora ela descobre ter vários irmãos. Os pais eram amorosos e presentes, na nova família ela descobre que os verdadeiros são distantes e indiferentes. E todo luxo que ela tinha acaba ao descobrir a pobreza.
Ela precisa se adaptar à nova realidade, e tenta a todo custo sobreviver da melhor maneira possível a uma casa pobre, convivendo com um pai que pouco se importa com os filhos, a não ser para castiga-los ou instigá-los para o trabalho; a uma mãe que também não liga para ela e se aborrece o tempo todo pela sua pouca habilidade com trabalhos domésticos, já que ela nunca precisou fazer nada, e com irmãos que olham para ela como a verdadeira estranha que ela é e fazem de tudo para não facilitar sua adaptação em sua nova vida.
Os únicos irmãos que ela consegue criar laços são o bebê Giuseppe, a irmã mais nova, Adriana, e Vicenzo, o único irmão que não a olha com indiferença e aparentemente é o único que quer mudar a sua realidade.
Durante esse processo , ela tenta criar sua própria identidade para não ficar apenas conhecida como “A Devolvida”, forma como passou a ser chamada na cidade onde vive. Não é um processo fácil, é bastante longo e cheio de conflitos e ela vai aprender a criar novos conceitos de família, amor e amizade, em um ambiente onde os valores diferem dos quais ela foi criada.
A Devolvida é uma narrativa em primeira pessoa que conta a história de uma garota que, ao longo das páginas, vai contando a sua história, seus sentimentos e impressões sobre a sua nova vida.
A protagonista não nos é apresentada, em nenhum momento seu nome é citado. Porém, isso não impede que se crie um laço com ela, pois a partir de tudo que é narrado ,passamos a conhecer o seu verdadeiro íntimo, todos os seus medos, suas inseguranças e suas aflições. É impossível ficar indiferente a toda estória. Acompanhamos todo o seu longo e difícil processo de adaptação, que acaba por deixar marcas em sua personalidade, percebemos claramente isso quando a narrativa sai do passado e ela fala um pouco do seu presente.
É praticamente impossível não se emocionar com as dificuldades que ela enfrentará. Ela irá conhecer de perto a maldade, a pobreza e como é a sensação de não se sentir pertencente a lugar nenhum. Além disso tudo, ela ainda precisa lidar com o silêncio da pessoa que ela imaginou ser sua mãe durante todos esses anos. Ela então buscará incansavelmente por respostas que essa mulher tão misteriosa guarda.
A cada página o livro se torna cada vez mais incrível, e o final é sensacional, os motivos são arrasadores e somos capazes de sentir cada sensação como se estivéssemos junto dela. A trama é tocante e emocionante. Toda verdade, pureza e inocência perdida por essa menina que devido as circunstâncias precisou se torna mulher precocemente. Única parte ruim do livro é não termos como saber o que aconteceu no seu futuro e como ela lidou com tudo. Um estória que a gente finaliza com a sensação de querer mais, é como se estivéssemos ouvindo uma pessoa próxima a nós narrando tudo, de tanto que nos envolvemos com tudo.
Sem sombras de dúvidas recomendo muito a leitura.